Mundo da Música

Caetano e Gil ignoram boicote e se apresentam em Israel

Jornal da Globo
Rodrigo Alvarez Tel Aviv, Israel

Só as câmeras da equipe que acompanha Caetano e Gil registraram a visita que eles fizeram ontem a Susiya, um vilarejo palestino de 340 pessoas que chamou a atenção do mundo depois que o governo israelense anunciou que vai demolir as casas de famílias que vivem ali há mais de um século.

Nesta segunda-feira (27), ao lado do ex-presidente de Israel, Shimon Peres, respondendo a uma pergunta, Caetano disse que se emocionou durante a visita. “Todas as questões difíceis que as pessoas dessa região precisam enfrentar ficaram mais claras para mim, e para o Gil também”.

Na saída, Gil também falou do que sentiu depois da visita. “A política de ocupação é uma política gasta”.

Antes da viagem, Caetano e Gil sofreram pressão para cancelar o show em protesto contra a política israelense de construir assentamentos em terras palestinas.

Caetano recebeu uma carta de Roger Waters, o ex-cantor do Pink Floyd, pedindo que ele aderisse a um movimento de boicote a Israel. Caetano respondeu que queria vir aqui para tirar suas próprias conclusões e que não cancelaria o show a menos que estivesse totalmente contra o país.

Depois do encontro com o ex-presidente de Israel, Caetano e Gil foram para um hotel à beira da praia de Tel Aviv e se reuniram com ativistas e músicos que representam a esquerda israelense, ou seja, querem o diálogo com os palestinos. Caetano voltou a dizer que não vai defender o boicote a Israel. Por outro lado, no fim do encontro, ele fez um discurso contra a ocupação dos territórios palestinos.

Depois de ouvir uma cantora árabe-israelense dizer que adorava a palavra “gente” na língua portuguesa, Caetano cantou e pediu o fim do controle israelense sobre os palestinos. “Parem com a ocupação, parem com a segregação, parem com a opressão”, ele disse.

Por fim, Caetano disse que não cancelou o show porque sempre amou Israel e porque prefere dialogar. Ele não pretende responder à última carta de Roger Waters, que o chamou de ingênuo por não aderir ao boicote. “Tenho alguma coisa de ingênuo. Eu não gostei da carta, da tréplica dele, não”.

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Jose Carlos Almeida

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