Entrevistas

Ronnie Von – De Príncipe a Mãe de Gravata

Conhecido até hoje como “Mãe de Gravata” e “Príncipe” – apelido dado por Hebe Camargo durante uma apresentação dele em seu programa -, Ronnie Von é dono de uma história de garra e coragem. Filho de uma nobre família do Rio de Janeiro, ele teve de ir contra a opinião de todos para seguir a carreira de cantor.

Deixou tudo o que tinha e mudou-se para São Paulo apostando em uma única coisa: seu talento. Passou por muitas dificuldades e enfrentou, na Praça Júlio de Mesquita, um mundo totalmente diferente daquele que vivia em Copacabana. Mas, com sua voz e simpatia, conseguiu conquistar o espaço tão esperado. Não demorou muito para ouvir seu disco estourando em todas as rádios e ganhar o seu primeiro programa de televisão. O Todo Seu, apresentado hoje na TV Gazeta, é o 13º de sua carreira.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Carreira & Sucesso, Ronnie falou como iniciou sua carreira como cantor, os preconceitos que teve de enfrentar e da sua bonita fase de Mãe de Gravata…

Fale um pouco da sua vida antes de se tornar uma pessoa pública…
Eu sou filho de uma antiga e conservadora família do Rio de Janeiro, que possuía um conglomerado financeiro – banco de investimentos, banco comercial, banco múltiplo, financeira, corretora de valores, distribuidora, seguradora, etc. E eles queriam formar um sucessor, mas eu não tinha – e não tenho – a menor vocação para banco. Poderia ter, eventualmente, para uma corretora de valores, essa coisa um pouco mais lúdica de bolsa de valores, mas não era a minha vocação. Eu gostava de Arquitetura, cheguei a fazer vestibular para Geologia. Eu queria ser arqueólogo, aquelas coisas de crianças… Meu avô era médico, vivia em função da Medicina – para ele, Medicina era tudo. Enfim, pensei nisso também, mas não fiz. Desde pequeno eu era apaixonado por aviação, fazia aeromodelos e, de repente, houve a oportunidade de fazer o vestibular para entrar na Força Aérea. Eu não estava completamente preparado, eram mais de 6 mil candidatos, tanto que o exame era feito no Maracanã. Peguei o finalzinho de um cursinho preparatório e acabei passando em 72º lugar, dentro de 6 mil, eu achei bom. O norte da minha vida foi dado pela Academia Militar: essa visão que eu tenho um pouco mais ortodoxa com relação à família, amigos, a organização, a disciplina, honra, integridade. Esses são valores que eu aprendi enquanto eu era cadete. Amava o que fazia, mas minha família me deu duas opções: você vai fazer Economia ou vai fazer Economia. Com isso, deixei a Força Aérea e fui fazer Economia. E, claro, acabei trabalhando com a família, com todos os percalços que normalmente isso envolve. Ou seja, a exigência era muito maior, o trabalho era muito maior e o salário, muito menor. Na época, o presidente do grupo era o meu tio e padrinho, que eu sabia que gostava muito de mim, e como eu sempre fui muito estudioso, muito “cdf”, me escolheram para ser, eventualmente, o sucessor.

Quando foi sua primeira experiência num palco?
Nessa época, meu pai era ministro plenipotenciário em Londres e os Beatles estavam estourando no Brasil. Como eu gostava muito da banda, eu pedia para o meu pai trazer os discos antes para mim – quando eu digo antes, significa na hora do lançamento. Os discos chegavam seis meses, um ano antes. Então, só eu tinha e, claro, algumas outras pessoas que tinham viajado para lá e comprado. Como eu gostava muito dos Beatles, acabei conhecendo uma banda cover que estava fazendo muito sucesso no Rio, The Brazilian Beatles. Um dia eu fui numa matinê, num daqueles night clubs famosos lá do Beco das Garrafas e, de repente, o vocalista, que era o meu amigo mesmo do grupo, Ely Barra, disse: “está aqui o Ronnie, o pai dele traz os discos dos Beatles e ele cede para nós…” Disse que eu cantava muito bem e começaram a me mandar subir no palco para cantar. Eu saí correndo, me pegaram lá fora e me jogaram no palco. Eu tremia feito vara verde e acabei cantando uma música que eu já tinha ensaiado com eles muitas vezes, a “You’ve Got To Hide Your Love Away”, do filme “Help”. Ninguém nem sabia o que era o filme, quanto mais a música. Aplaudiram e eu me senti um artista. Quando eu desci, encontrei o João Araújo, pai do Cazuza, diretor da, na época, Philips Polydor, e foi ele que “me inventou”. O João viu a minha apresentação e me convidou para gravar um disco. Eu falei que não podia, porque minha família ia me matar. Ele disse que íamos fazer uma experiência, eu ia gravar uma música em inglês, uma em português, uma versão bacana, e eu acreditei que ia fazer um disco para ninguém ouvir. Meu pai tinha trazido um disco [dos Beatles] chamado “Rubber Soul”, que tem uma faixa chamada “Girl”, e eu fiz uma versão junto com ele. Mas ele imaginou que estivesse fazendo para o Brazilian Beatles. Essa música foi “Meu Bem”, o maior hit da minha vida – não que tenha vendido mais, mas foi o maior hit. E eu gravei com o João. Na época, eu já era diretor-adjunto do grupo da família, trabalhava do lado da sala do meu tio, tinha apenas 20 anos, estava muito bem. E eu tinha um carro NG com rádio, uma coisa rara, e a rádio referência era a Tamoio, que tinha um programa chamado “Disco Estrelinha – o disco que começa a brilhar”. Voltando do trabalho, de repente, eu ouço minha música tocar no programa. Eu encostei o carro e não sentia minhas pernas. Fiquei louco, cheguei em casa, liguei para todos os meus amigos e ninguém tinha ouvido, porque era uma hora de rush, o pessoal voltando para casa. Quem ouviu? Aquela minha tia velha, tia-avó, enfim, reunião. Família inteira, eu também, com o seguinte texto: “Onde foi que nós erramos?”, “Este moleque jogou o nome da nossa família na lama”, “Criamos uma cobra para nos picar”. Foi nesse nível. Os meus amigos intelectualóides da esquerda escocesa e da esquerda francesa viraram as costas para mim, porque eu estava fazendo música de cabeludo, em inglês – só podia ser bossa-nova, jazz. Então eu fiquei sem o apoio da família e sem os meus amigos.

E a primeira apresentação na TV?
Foi no programa Brazilian Beatles Club, na TV Excelsior. Passaram o vídeotape desse programa em São Paulo e, por coincidência, estavam na casa do Aguinaldo Rayol o Nilton Travesso, o Tuta, que hoje é o dono da Jovem Pan, e o Manoel Carlos, que hoje é autor de novela da Globo. Os três eram diretores de um programa de TV chamando Corte Rayol Show, um programa do Aguinaldo Rayol e do Renato Corte Real – humorista já falecido. Era o programa de maior sucesso do Brasil, chegou a dar 90 pontos de audiência. Eles quiseram me conhecer e mandaram me trazer para São Paulo, e eu vim… Me mudei de mala e cuia para cá, larguei tudo, trabalho, tudo que eu tinha, todas as coisas materiais, meu carro, tudo. Vim e fui morar num lugar pouco recomendável, eu diria: Praça Júlio de Mesquita, na São João, um lugar perto das meninas de vida difícil, porque aquilo não pode ser vida fácil… Tiroteio, confusão, polícia camburão, um terror. Um menino arrumadinho, filhinho de papai, calça de veludo, morando ali, porque era o que a minha bolsa me permitia fazer. Passei grandes dificuldades e, de repente, meu disco começou tocar muito e foi um sucesso muito grande. Aí já pude ir para um apartamento um pouco melhor, na Vila Nova Conceição.

Depois disso você ganhou um programa na TV?
Foi. De repente, em meio ao sucesso do disco, ganhei o programa na Record. Tinha de ouvir coisas horrorosas, como “esse filhinho de papai veio do Rio de Janeiro para tomar o lugar de alguém que precisa”, “usurpador do trono do Rei [Roberto Carlos]” – essa história eu ouvi no rádio mesmo. Tirar o lugar de alguém que precisa? Ninguém precisava mais do que eu, porque eu tinha conhecido o outro lado e agora não tinha dinheiro para comprar um sanduíche de mortadela! Eu jantava com a família no melhor restaurante do Rio de Janeiro, e aqui ficava doido para ir naquele Filé do Moraes! Então, eu precisava! Eu sofri muito essa história de discriminação às avessas. Antigamente, nessa atividade, você só podia ser um cantor ou fazer sucesso se tivesse uma origem muito pobre, senão você não estava com nada. Para fazer música popular mesmo, você tinha de ter tido uma origem muito humilde, e eu não tinha. Mas mesmo com tudo isso, a coisa daí para frente foi embora, o programa de televisão deu certo… E eu fiquei sabendo, muito tempo depois, que fui contratado para ser anulado, aquela história de colocar na geladeira. Só que fizeram o programa, deu certo e não tinham como parar. Eu não tinha casting, não tinha nem quem apresentar no programa, porque quem fizesse o Jovem Guarda não podia fazer o meu. Eu nunca fui da Jovem Guarda, do movimento nem do programa. Então, era uma coisa meio doida, porque se alguém fosse ao meu programa, jamais pisaria no Jovem Guarda – e ele era o maior programa de televisão de música jovem que existia. Então, ninguém queria ir ao meu.

Foi nesse programa que você lançou Os Mutantes?
Foi. Eles eram seis, brigaram e ficaram só três. Pensei: Peter, Paul and Mary, achei que dava certo. Eu estava lendo um livro nessa época chamado “Planeta dos Mutantes”, cheguei para a minha amiga Ritinha [Rita Lee] e perguntei o que ela achava do nome Os Mutantes: ela adorou! Inventei o grupo e o apresentei no meu programa. Aí havia Os Mutantes e eu, mas depois outros músicos foram aparecendo. Fizemos um casting, eles pegaram outros músicos importantes, outros cantores famosos, colocaram no programa, e com isso ele cresceu mais ainda.

Ficava muito chateado com os comentários feitos a seu respeito com relação ao Roberto Carlos?
Com certeza. Eu só queria o meu lugarzinho. Hoje nós temos essa relação de amizade, de afetividade, que, aliás, foi construída pelas duas mulheres – a minha primeira mulher, Aretuza, era amiga da Nice, a primeira mulher do Roberto, e elas acabaram com a história de rivalidade; as duas eram amigas e acabamos ficando amigos também. Mas eu sofri bastante na época, porque tinha o pessoal da assessoria dele, tinha a gravadora dele, tinha a própria emissora que me contratou para me anular, era muito complicado. Eu fazia o programa na TV Excelsior exatamente no horário da Jovem Guarda, era concorrente direto. Acho que aquela insegurança do Roberto era permissível, um menino que lutou tanto, aquela coisa, tantos problemas e de repente vem um menino, como ele mesmo diz, “com aquele cabelo liso e eu tendo de fazer touca”… Sofri muito naquela época, pensei em parar…

Você sofreu tudo isso sozinho. Quando a família, enfim, aceitou sua carreira?
Foi no programa da Hebe. Meu pai, na época, era presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, e com a experiência diplomática dele e mais a experiência que ele tinha de presidir uma autarquia, conseguiu vender o nosso açúcar aqui de São Paulo a um preço excepcional para Brasil e baixo para os Estados Unidos. Meu pai foi primeira página no New York Times por causa disso e foi entrevistado no programa da Hebe. Eu ia fazer o programa também, eles sabiam, mas nós não, e o nosso encontro foi no palco. Ela perguntou se o meu pai tinha alguma coisa ligada ao meu irmão e eu… Ele respondeu que comigo talvez, porque eu estava no Iê-Iê-Iê e ele estava no IAA. Me empurraram para o palco, foi uma alegria, choradeira, beijo no palco, meu velho. E a partir daí meu pai virou um grande fã meu, até as tias me aceitaram (risos). Foi um momento muito bom.

Vamos um pouquinho mais adiante… Como foi a fase Mãe de Gravata?

Mãe de gravata foi uma idéia de um querido amigo meu, Washington Olivetto, a quem eu devo essa história. Ele leu meu livro “Mãe de Gravata” e viu que eu sou um homem com uma visão de mundo absolutamente feminina. Eu fui pai com guarda de filhos, aprendi a gostar de coisas ligadas ao setor doméstico – eu não sei em qual almanaque está escrito que isso é coisa só de mulher. Eu lavo, passo, cozinho e arrumo com perfeição. A única coisa que eu não posso fazer como mãe é gerar um filho, mas até amamentar eu posso, porque eu faço uma mamadeira irresistível (risos). Então, essa história de eu conhecer bordado, renda, tecidos, coisas de casa, produtos de limpeza… Enfim, eu era solteiro e tinha de tocar minha casa. Ele disse: “Essa alma feminina que você tem, sendo homem, é um coringa. Vamos fazer esse programa!” E desenvolveu esse projeto a quatro mãos, com a Cristina, minha mulher, que foi quem me deu o apelido Mãe de Gravata. E foi um grande sucesso comercial.

Como era conciliar vida, carreira e, além do papel de pai, o de mãe?
Ah, você precisa ter prioridades na vida. A minha prioridade era a criação dos meus filhos, isso era fundamental na minha vida. Por isso eu virei empresário, comecei tocar coisas paralelas para poder sobreviver, porque embora eu fosse uma pessoa de recursos, a fonte maior para mim eram os shows. E eu viajava direto, o Brasil inteiro, estrada o tempo inteiro, com dois meninos para criar em casa, uma menina de 7 e um menino de 6. Então, eu tinha de almoçar com eles todos os dias, tinha motorista, mas quem levava no colégio e buscava era eu, para me sentir um pouco mais presente e eles sentirem essa segurança. Criei assim e acho que acertei. Claro que a relação, principalmente, da minha filha comigo é de mãe – eu até ganhei presente no dia das mães agora. Ela dá para a Cristina, que acabou de criar, porque ela era adolescente quando eu me casei, dá para a mãe dela, que mora no Rio, e para mim ela disse: “Para não perder o costume, feliz Dia das Mães, papai!”. E durante muito tempo eles me deram presente de Dia das Mães – o mais velho parou e ela continua até hoje.

Qual foi o maior aprendizado?
Eu não larguei a carreira, eu continuei gravando, fazendo televisão, coisas que não me afastassem muito deles. Quando eles cresceram, eu voltei para a estrada, voltei a fazer shows e tudo. Eu aprendi que a pior luta do homem é contra ele próprio, para você se vencer é muito difícil. Nós vivemos num mundo de preconceitos. No Brasil, o preconceito é maior ainda, porque é uma cultura latino-americana machista. Então eu sofri, mais uma vez, preconceito, até por parte de amigos, porque eu era descasado, mas recebia meus amigos. E a história do homem é negócios, política, futebol e mulher. Tudo bem, “de fato aquele gol estava impedido, aquela capa da Playboy está um arraso, mas eu vou te mostrar uma toalha de mesa que eu comprei que você vai cair duro para trás.” Eles não entendiam isso: “Como que é? Toalha de mesa? Pô, Ronnie, até você jogando água fora da bacia”. Eu tive de ouvir isso, esse preconceito. Então, aprendi que eu fiquei mais rico como ser humano, melhor. O homem é multifacetado, ele não tem de ter essa visão míope, focar só numa coisa. Não ficou comprometida e nem arranhada a minha virilidade ou essas bobagens todas, só que eu gosto de coisas de casa, eu gosto de cama, mesa e banho. O meu maior sucesso comercial é o meu lançamento de roupa de cama e de banho: a linha Ronnie Von hoje é o maior sucesso comercial.

Você está há 40 anos na televisão. Qual é o segredo desse sucesso e de conseguir se manter nesse meio durante tanto tempo?
É muito simples: essa é uma atividade profissional como qualquer outra. Você não tem sucesso, você está fazendo sucesso. Se você não tiver sucesso, não fala para ninguém. Ele é a sua ferramenta de trabalho, o que não faz de você um deus. Eu tenho uma certa resistência a alguns artistas por causa disso, são deuses, podem tudo, querem tudo, e eu não tenho essa visão, a vida não é isso. Eu sou um profissional de comunicação e ponto. Você não pode olhar para a lente de uma televisão e mentir, porque a mentira bate lá do outro lado e as pessoas sabem que você está mentindo. Quando você olha para a televisão – talvez esse seja o segredo -, você tem de falar a verdade.

O programa “Todo Seu” é diferente de tudo que vemos na televisão hoje. Como garantir essa qualidade?
Eu tenho consciência de que a televisão é a grande escola brasileira, esse é um País pobre, inculto, desinformado, e a televisão é um veiculo de extrema importância. Eu me sinto comprometido pessoalmente com a cultura nacional, com o social. Eu não posso entender que as emissoras tenham partido para essa barbárie que é a audiência fácil e, por isso mesmo, a programação fica escatológica, pornográfica, ruim, grosseira, os valores são jogados no ralo. Eu faço a minha parte, trabalho numa emissora que me deu essa oportunidade, então esse conforto emocional eu tenho. A única coisa que eles pedem é qualidade, o resto a gente vai na medida do possível. Qualidade é discutível, sempre será, mas é um programa em que você jamais verá pornografia, você vai poder assistir ao lado da família sem ter medo. Eu levo de rock pesado até música erudita, pautas vibrantes, algumas de conteúdo apenas divertido e outras pautas seriíssimas. Então, eu acho que é essa mistura que faz com que você tenha prestação de serviços sempre, uma agenda cultural que eu acho muito legal, música de qualidade – seja de que segmento for, eu não radicalizo. Estou contente e acho que os formadores de opinião ficaram contentes com isso também. Jamais vou suspender uma pauta porque a audiência está caindo. Pelo contrario, tem de haver respeito com o público.

Quais são seus hobbys, hoje?
Eu gosto muito de botânica, de automóvel, gosto muito de carro antigo também – já colecionei e tenho vontade de voltar, mas agora só com carros da década de 50, aqueles carros lindos. Quero poder usar (tenho um amigo que tem esses carros e eu acho muito bacana). Eu gosto de pilotar, tinha muita vontade de voltar essa atividade com um pouco mais de freqüência, mas eu não tenho tempo. Aí sim, a mulher que está dentro de mim acha ruim… Mas eu casei com uma mulher muito educada e eu tenho de dividir com ela, alias, já entreguei praticamente tudo em suas mãos.

E os planos para o futuro?
Planos pessoais, materiais a gente sempre tem, e se deixar vai ser infinito. Mas eu tenho o projeto de uma fundação para atender a velhice, porque eu acho isso de uma crueldade. Acho que hoje tem muito mais gente cuidando da infância do que a própria infância, mas para os velhos todo mundo dá as costas, e isso me incomoda profundamente. Hoje eu sou envolvido em voluntariado, eu ajudo instituições que cuidam da velhice de todas as formas, materiais, emocionais e pessoais. Então essa história da fundação eu teria de ter tempo para tocar. Tem outras coisas que eu gostaria de voltar a praticar – os brinquedos, como eu disse, eles são caros, as manutenções são caras, as coisas são mais complexas, não tem espaço pra isso. Queria ter a família mais próxima, todo mundo junto: eu queria que meu irmão estivesse morando em São Paulo, tenho um neto no Rio que eu gostaria que estivesse por aqui. Enfim, planos são muitos e ficaria horas e horas falando sobre eles.

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Jose Carlos Almeida

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