Fonte: EFE
Combativo, roqueiro, utópico, transgressivo e também convencional, as mil faces de John Lennon podem ser conferidas na reedição de seus álbuns solos, levados hoje novamente ao público, agora com som remasterizado.
A iniciativa, supervisionada diretamente por sua viúva, Yoko Ono, põe à disposição do público os sete álbuns que Lennon editou entre 1970 – ano da separação dos Beatles – até 1980 – quando foi assassinado-, mais o disco com músicas inéditas publicado quatro anos após sua morte.
Os oito álbuns foram agrupados em uma caixa junto a um CD duplo que apresenta um disco com os singles não incluídos nos LPs e outro com versões inéditas.
O lançamento, às vésperas do 70º aniversário do músico britânico – no próximo sábado -, inclui também outra caixa com quatro discos que agrupam tematicamente as canções de Lennon (as políticas, as roqueiras, as de amor e as filosóficas), além de um novo álbum de grandes sucessos.
É preciso advertir que os discos de Lennon sozinho nunca soaram tão bem e que suas produções foram, em algumas ocasiões, um tanto descuidadas, longe da riqueza sonora de seus trabalhos com os Beatles.
O processo de remasterização dessas gravações não fez milagres, mas as canções ganharam frescor.
Esta reedição mostra um artista poliédrico e irregular, cuja atividade se concentrou nos anos imediatamente posteriores à separação dos Beatles, já que nos últimos cinco anos de sua vida só publicou um disco.
O primeiro álbum deste projeto de remasterização, “John Lennon/Plastic Ono Band” (1970), é também o favorito da crítica.
Inclui canções como “Mother” e “God” – com a célebre frase “não acredito nos Beatles” – que serviram de tratamento a Lennon. Com este disco, o músico britânico enfrentou seus fantasmas e limpou sua alma, em um exercício de valor artístico que continua surpreendendo 40 anos depois.
Mas é o icônico “Imagine” (1971) que permanece entre o grande público como o favorito de todos os trabalhos de Lennon solo. A remasterização deu brilho à empolada produção de Phil Spector, que alcançava momentos memoráveis em “Jealous Guy”.
Da utopia pacifista de “Imagine”, Lennon passou um ano depois à crítica social em “Some Time in New York City”, um disco que se abria com a feminista “Woman is the Nigger of the World” e que incluía canções cantadas por Yoko Ono, coautora da maior parte do álbum. A nova edição deste álbum inclui um disco gravado ao vivo na época pela Plastic Ono Band, grupo com o qual John e Yoko atuavam ao vivo.
Desde que foi morto a tiros por um fã em Nova York há quase 30 anos, a obra pós-beatle de Lennon ficou repleta de carga emotiva que impediu qualquer julgamento objetivo. Três décadas mais tarde, a reedição de seus álbuns solo representa uma oportunidade para ouvir a música que há por trás da lenda.
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