Com a intenção de evitar mais especulações sobre sua vida, o cantor Roberto Carlos revelou nesta quinta-feira (14), no México, que está escrevendo sua autobiografia. Devem ser publicados, pelo menos, dois livros.
“Em breve vou lançar este disco, esta biografia”, disse o Rei sobre a história de sua vida, que revelará aos fãs suas recordações desde os quatro anos.
“Quero revelar tudo, falar tudo, mas coisas boas principalmente. Quero contar como aconteceu, como está acontecendo, como quero que continue acontecendo”, disse Roberto Carlos na entrevista coletiva convocada pela Sony Music para celebrar os 12 milhões de discos vendidos no México ao longo da carreira do Rei.
Sobre a data do lançamento do livro, Roberto Carlos revelou que será “quando estiver pronto”, mas adiantou que já escreveu 30% do “primeiro volume”.
“Quero dizer que não vai caber tudo em apenas um livro, acredito que serão dois volumes”, completou.
Aposentadoria
Durante a entrevista no México, Roberto Carlos também comentou a possibilidade aposentadoria. “Sei que há um momento em que você chega e diz: ‘É o momento de parar’. Mas não pensei nisto. Eu tenho a esperança que isto não vai acontecer nunca, e me vejo sempre cantando”, declarou o cantor.
De acordo com ele, a estratégia para se manter na ativa por tanto tempo é querer “sempre fazer uma canção de amor melhor que anterior”. Por outro lado, revelou preocupação com a saúde. “Me cuido, não posso negar, faço exercícios e sou adepto da medicina ultramolecular’, lembrou.
No México, ele lança o disco “Este tipo soy yo”. “Eu faço canções de amor, acho que o amor é eterno e está sempre presente ao longo do tempo”, afirmou.
Capa de ‘O réu e o rei’ e o autor da obra, Paulo Cesar de Araújo (Foto: Divulgação e Bel Pedrosa/Divulgação)’O réu e o rei’ e o autor da obra, Paulo Cesar de
Araújo (Foto: Divulgação e Bel Pedrosa/Divulgação)
‘O réu e o rei’
Em 2007, uma biografia não autorizada chamada “Roberto Carlos em detalhes” (Planeta), do escritor brasileiro Paulo César de Araújo, foi tirada de circulação após disputa judicial. Em maio deste ano, o autor lançou uma nova obra, “O réu e o rei: Minha história com Roberto Carlos, em detalhes” (Companhia das Letras), que fala sobre a proibição do trabalho anterior.
“O réu e o rei” saiu duas semanas depois de a Câmara dos Deputados ter aprovado o projeto de lei que libera a venda de biografias não autorizadas pelos biografados ou por suas famílias, em caso de morte. O texto ainda precisa passar pelo Senado antes de ir à sanção presidencial.
O Supremo Tribunal Federal também deve analisar a ação que pede a liberação da publicação. O caso será decidido pelo Supremo durante o julgamento de ação proposta pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel).
No processo, a associação afirma que a atual restrição imposta aos editores é incompatível com a liberdade de expressão e de informação. Os autores da ação pedem que o Supremo declare que não é necessário o consentimento do biografado para que o livro seja publicado.
O texto de apresentação de “O réu e o rei” descreve o conteúdo citando a controvérsia de “Roberto Carlos em detalhes”. “Objeto de verdadeira polêmica pública, a batalha em torno da proibição de ‘Roberto Carlos em detalhes’ é o cerne de ‘O réu e o rei’”, informa o material promocional.
No mesmo dia em que “O réu e o rei” chegou às livrarias, o editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, fez no blog da editora um post a favor da liberdade da publicação de biografias não autorizadas.
“Serve como testemunho das dificuldades para escrever biografias independentes no Brasil. Com ele [‘O réu e o rei’] a Companhia das Letras procura contribuir ativamente para a consolidação do direito do cidadão brasileiro ao conhecimento de fatos relevantes da vida das suas figuras públicas.”
Procure saber
A liberdade de publicação de biografias ganhou mais destaque a partir do início de 2013, quando o grupo Procure Saber – então integrado por Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Djavan, entre outros artistas, e presidido pela ex-mulher de Caetano Paula Lavigne – passou a defender a proibição de obras não autorizadas.
Os artistas diziam defender o direito à privacidade e destacavam as dificuldades em conseguir reparar, através de ações judiciais, os danos posteriores à publicação.
Os biógrafos, contudo, avaliam que a necessidade de autorização é censura prévia e fere a liberdade de expressão. Dizem que a necessidade de autorização defendida pelos artistas impediria a publicação de obras sobre personagens históricos, citando como exemplo a impossibilidade de se escrever sem interferências um texto sobre generais da ditadura ou sobre políticos.
O Código Civil brasileiro, em vigor desde 2003, diz que “a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”.
Foi justamente essa regra permitiu que Roberto Carlos banisse, em abril de 2007, a biografia escrita por Paulo César de Araújo. “Roberto Carlos em detalhes” havia sido publicado pela Planeta em dezembro de 2006. A obra teve a produção e comercialização interrompidas após acordo judicial entre a editora e o cantor.
O Artigo 5º da Constituição Federal, entretanto, diz que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” e atesta que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Fonte: G1
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