Jovem Guarda

Caetano e Gil, prestes a completar 70 anos, ganham songbooks

Fonte: IG

Gilberto Gil faz aniversário em junho, Caetano dois meses depois. Dois dos grandes nomes da Música Popular Brasileira, quando completam 70 anos em 2012, estão ganhando coleções de suas carreiras. São ao todo 20 livros e 20 CDs originais e escolhidos por cada um deles. Os “songbooks” de Caetano e Gil vêm acompanhados de livretos com textos escritos pelo produtor cultural e jornalista Marcelo Fróes.

Os produtores serão vendidos nas bancas de jornal de todo o País a partir de março. Mas em algumas capitais já é possível comprá-los. O lançamento da coleção de Caetano Veloso acontece nas cidades do Rio e Juiz de Fora, enquanto a do Gil abrange Salvador, Belo Horizonte e Brasília. Os preços são populares, variando de R$ 9,90 a R$ 14,90.

Entre fotos marcantes, textos inéditos e depoimentos exclusivos, o disco escolhido por Caetano para o primeiro volume de sua coleção foi seu primeiro trabalho como cantor solo, “Caetano Veloso”, lançado em 1967. Gil escolheu “Realce” (seu décimo álbum solo), lançado em 1979, para dar início à coletânea histórica.

Próximos volumes de Caetano: Prenda Minha, Fina Estampa, Totalmente Demais, Velo, Estrangeiro, Caetano Veloso (1969), Noites Do Norte, Outras Palavras, Circuladô, Cinema Transcedental, Caetano Veloso (1970), Ce, Bicho, Qualquer Coisa, Joia, Cores, Nomes, Muito (Dentro Da Estrela Azulada), Uns, Caetano Veloso (1987).

Próximos volumes de Gil: Realce, Expresso 2222, Raça Humana, KAYA N¹GAN DAYA, As Canções de Eu, Tu, Eles, Extra, Refazenda, Refavela, Gilberto Gil (1969), Gilberto Gil (1968), Dia Dorim Noite Néon, Gilberto Gil Ao Vivo 1974, Parabolicamará, Quanta, NightinGale, Gilberto Gil 1971 (Londres), O Eterno Deus Mu Dança, Louvação.

Em conversa com a reportagem do iG, o produtor cultural Marcelo Fróes falou sobre o projeto e de que forma ele abre as comemorações pelo sexagésimo aniversário de Gilberto Gil e Caetano Veloso.

 

Os songbooks vão ser vendidos em bancas de jornal de todo o País

iG: Como surgiu a ideia dos songbooks?
MARCELO FRÓES:
Não são exatamente songbooks, porque não são livros de partituras ou cifras. São livros que contam as histórias de cada um destes discos selecionados em conjunto, entre a editora Innovant e os artistas, seus escritórios e suas gravadoras.

iG: Qual é o perfil do público que consome os “songbooks”?
MARCELO FRÓES:
O ouvinte casual, os fãs e os aficionados por coleções. Houve uma grande renovação do público destes artistas, ao mesmo tempo que as últimas gerações ficaram acostumadas a baixar discos ao invés de comprá-los. Muitos podem estar tendo a iniciativa de comprar um disco pela primeira vez com esta coleção, estimulados pelo projeto dos livros históricos. 

iG: A ideia é seguir uma ordem do lançamento dos discos dos dois músicos?

MARCELO FRÓES: Não. A ideia foi exatamente a de surpreender e mostrar que, mesmo fora de ordem cronológica, os discos têm força individual e a cada semana o colecionador poderá desfrutar de um capítulo específico da trajetória destes grandes artistas.

iG: Ambos os cantores completam 70 anos de vida em 2012. De que forma os songbooks abrem as comemorações da data?
MARCELO FRÓES:
Sem dúvida que sim. Existe muito mais que músicas por trás de discos, que pra muita gente virou uma pasta de arquivos executáveis. A música é muito mais que isso, cada disco é um capítulo na biografia do artista e, no caso desses dois grandes mestres, cada disco é um capítulo na história da MPB.

iG: No primeiro disco lançado por Caetano (1967), está incluída a canção “Tropicália”, que daria nome do movimento musical na década seguinte. Qual é a importância deste disco para a MPB?
MARCELO FRÓES:
Foi a ponta do iceberg do Tropicalismo, saiu antes de todos os álbuns tropicalistas. Foi gravado no final de 1967, na época em que Caetano abafou no Festival da MPB da TV Record com “Alegria Alegria”. Foi lançado no início de 1968, o ano tropicalista.

iG: E quanto ao disco de Gil? Por que desta escolha para abrir a série?
MARCELO FRÓES:
Foi o primeiro grande sucesso comercial da carreira de Gil, inaugurando sua fase mais pop. É interessante começar por aí e avaliar os anteriores e os posteriores, no correr das próximas semanas.

iG: Qual é, na sua opinião, o disco mais importante de Gil?
MARCELO FRÓES:
É difícil dizer, acredito que sejam os álbuns da trilogia “Refazenda” (1975), “Refavela” (1977) e “Realce” (1979). Se você me pede que escolha um, eu escolho o “Refazenda”, que realmente é um disco maravilhoso.

iG: E o do Caetano?
MARCELO FRÓES:
Cada pessoa tem seu motivo particular para definir o disco mais importante de determinado artista, inclusive o próprio artista tem sua opinião e evidentemente a mídia se divide. Eu diria que o “Cinema Transcendental” é um dos mais importantes.
 

Os songbooks de Caetano Veloso: obras de fácil acesso