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Sylvinha Araújo (1951-2008)
Marcelo Fróes

Muito tem sido escrito sobre a cantora mineira Silvia Maria Peixoto Araújo, falecida na última quarta-feira 25 de junho. Silvinha lutou o quanto pode, e com todo preparo espiritual e intelectual que tinha, contra uma doença maldita que a tomou de assalto no final dos anos 90 e que por muito tempo acreditou-se curada.

Os dados biográficos daquela que todos conhecemos como Sylvinha Araújo estão espalhados pela rede, em perfis e até em arquivos de PowerPoint que criaram em sua homenagem nas últimas 48 horas. A vida de Sylvinha, nascida em Mariana, está melhor contada por ela mesma, em seu bem escrito livro “Anjo Lilás”, lançado há dois anos, e sua discografia está aqui nessa homenagem.



Silvia, Silvinha... Diva # 1 da Jovem Guarda
Naturalmente não podemos deixar de lembrar que a mineira Silvinha surgiu para a mídia em 1967, a um ano do final da Jovem Guarda. Cantando “Vou Botar Pra Quebrar”, de Carlos Imperial, lançado em compacto pela Odeon (atual EMI), ela conquistou fama nacional com apenas 16 anos. Namorada de Eduardo Araújo, “o Bom”, ainda naquele ano ela também emplacou “Minha Primeira Desilusão”. Foram apenas dois hits ainda dentro daquilo que pode-se chamar de “Jovem Guarda”, mas é quase unanimidade considerar-se que Sylvinha foi a mais afinada das cantoras da Jovem Guarda.

Em 1968, já como Silvinha, ela lançou seu primeiro LP, aquele com “Playboy” e “Professor Particular”.



Silvinha Araújo
Silvinha ainda não tinha completado seus 18 anos quando, em julho de 1969, casou-se com Eduardo Araújo numa badalada cerimônia que parou o centro de São Paulo. Ela tinha acabado de lançar um compacto com sua gravação de “Adeus”, versão brasileira para “Goodbye” (de Paul McCartney, gravada pela inglesa Mary Hopkin para o selo Apple dos Beatles meses antes). E aí, no mês em que completou sua maioridade, lançou o segundo LP “Caminho Sobre Nuvens”.

Silvinha ainda lançou mais um LP pela Odeon em 1971, antes de - juntamente com Eduardo - migrar para a RCA. Enquanto Eduardo gravava discos com relativa periodicidade, Silvinha tornava suas gravações mais homeopáticas. Cuidava dos filhos Eduardo e Mônica e investia firme numa carreira de sucesso no mercado publicitário. É de sua interpretação um sem número de jingles famosos, que freqüentaram nossos ouvidos nos anos 70, 80 e 90.



Sylvinha Araújo
Silvinha assumiu o nome artístico Sylvinha Araújo no final dos anos 90, quando lançou “Kinema” e depois “Suave é a Noite” (2001). O livro “Anjo Lilás” merecia ter sido acompanhado por um novo disco da cantora, que só em 2007 conseguiu ver lançado o DVD ao vivo “40 Anos de Jovem Guarda”, com o registro do show que vinha fazendo com Eduardo desde 2005. Gravado a bordo do navio Costa Victória, o produto é o grande registro do casal, que nos anos 70 chegou a gravar dois LPs em dupla e sempre fez shows junto. O casal Eduardo & Sylvinha, aliás, era por muitos considerado um exemplo raro: juntos há mais de 40 anos, os dois estavam sempre juntos e eram a prova de que a carreira jamais atrapalha o casamento quando há uma relação sólida.

Tive o privilégio de conhecer Sylvinha pela internet no final dos anos 90 e, graças ao trabalho que desenvolvemos aqui no Portal Jovem Guarda, de disponibilizar antigos vídeos dos artistas, convivi com o casal no último ano - quando digitalizei mais de 80 fitas do arquivo do casal e já disponibilizamos no YouTube. Filmei a festa em sua homenagem na Câmara Municipal de São Paulo há exatamente um ano atrás, e também um raro show com Eduardo em São Bernardo do Campo em julho. Do arquivo de vídeos de Sylvinha ainda há mais por vir, de forma que sua vida e sua obra fique sempre viva para quem quiser conhecer.

Em dezembro último convidei Sylvinha Araújo para participar do projeto “Álbum Branco”, com grandes intérpretes brasileiros regravando cada uma das 30 faixas do lendário álbum duplo dos Beatles de 1968 - que em 2008 está completando 40 anos. Sylvinha escolheu “Blackbird” e gravou a canção com arranjo e produção de seu filho Edu Luke. O “Álbum Branco” será lançado em CD duplo agora no início do segundo semestre.

Uma homenagem do Portal Jovem Guarda
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