The Originals: como garrafas de vinho
Elias Nogueira conta como surgiu e dá detalhes sobre o primeiro projeto dos Originals, banda formada por ex-membros dos Fevers, dos Incríveis e de Renato e seus Blue Caps.
Elias Nogueira
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Em meio às comemorações dos 40 anos da Jovem Guarda, movimento dos anos 60 que revelou os primeiros ícones do pop rock brasileiro, todos liderados por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, sempre aparecem coisas novas no mercado musical. A Jovem Guarda foi um movimento fomentado pela indústria fonográfica, que revelou grandes números de vendagem em discos. Artistas como Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Os Vips, Os Jovens, The Pops, Leno & Lílian, Silvinha, Eduardo Araújo e até Rauzito e seus Panteras foram revelados na ocasião, e continuam cultuados nos quatro cantos do país até hoje.
Surge agora uma banda chamada The Originals, e formada por Netinho - bateria (fundador e líder d'Os Clevers, dos Incríveis e do Casa das Máquinas), Nenê Benvenuti - baixo e vocal (ex-Rebels e ex-Incríveis), Almir Bezerra - vocal e guitarra base (ex-Fevers), Pedrinho da Luz - guitarra solo (ex- Fevers), Cleudir Borges - teclados (ex-Fevers), Miguel Plopschi - sax tenor (ex-Fevers) e Ed Wilson - vocal e guitarra (ex-Renato e seus Blues Caps). The Originals é uma banda formada por roqueiros experientes e dotados de currículos pra ninguém botar defeito. "Como os Fevers, existem ex-integrantes originais dos Incríveis e do Renato e seus Blues Caps. Estas bandas foram nos anos 60 e 70 as mais importantes e percussoras do rock no Brasil. Por que não juntar esses ex-componentes? Acabamos fazendo uma novo grupo", esclarece o saxofonista Miguel Plopschi, experiente produtor e executivo na indústria do disco.
O nome é bem sugestivo aos integrantes do conjunto. "Como somos ex-integrantes originais e fundadores, o nome mais coerente seria realmente The Originals", declara Miguel. Dissidentes de bandas que fizeram a história do rock nacional nos anos 60 e 70, liderando vendagens de discos e lotando ginásios por onde passavam com seus shows, os Originals prometem arrombar a festa. "Cheguei à conclusão que hoje em dia as pessoas não morrem mais a partir de 50 anos de idade, gostam de sair para se divertir ouvindo as músicas que marcaram toda sua juventude. Tem uma demanda muito grande por este tipo de espetáculo e nós podemos fazer. Chegamos a falar com empresários experientes, que acharam a idéia fantástica... porque não existe uma banda que resgate tudo isso com a representatidade dos componentes originais da época", informa Plopschi.
Com CD e DVD gravados ao vivo no Canecão, os Originals prometem cair na estrada para divulgar e iniciar uma carreira de verdade. "Não é um encontro eventual para um CD e DVD. Lá fora, quando querem fazer um grande espetáculo, eles reúnem os famosíssimos roqueiros dos anos 60 e 70 - como Paul McCartney, Eric Clapton, Phil Collins, John Fogerty - e enchem os estádios, arrecadando grandes quantias em dinheiro para entidades filantrópicas. É nossa intenção cairmos na estrada, isto é projeto para durar", avisa o saxofonista.
Quem pensa que o grupo vai viver somente de antigos sucessos se engana. "Temos três músicas novas, 'A gente era feliz e não sabia' do Almir; 'Amar você', que é tema da novela 'A Lua Me Disse' da TV Globo, de autoria Michael Sullivan e Paulo Massadas; e a outra é de autoria de Ed Wilson e Dudu Falcão, que é faixa título do disco: 'Pra todo mundo ouvir'", comenta Miguel.
Segundo o baterista Netinho, a banda tem muito pra mostrar. "Enquanto houver saúde e vontade, o horizonte é o limite". Quanto aos roqueiros mais novos, Miguel avisa: "O jovem muitas vezes vem por curiosidade e acaba descobrindo a força da nossa música".
Artigo publicado originalmente no International Magazine nš 113, de Junho de 2005.
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