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Entrevista

Lílian: mais rebelde do que nunca


Por Emílio Pacheco

Numa olhada rápida, o Kynna parece apenas mais uma banda de rock alternativo, talvez heavy metal. Mas veja melhor: a cantora Lil não lembra a Lílian, que fazia dupla com Leno no tempo da Jovem Guarda? Uma simples semelhança talvez não fosse tão incrível quanto a realidade: é ela própria. A garota que cantava "Pobre Menina" e "Devolva-me" nos anos 60 hoje mostra que, quando disse que era "rebelde porque o mundo quis assim", estava falando muito sério. Inclusive, ela avisa aos fãs de Jovem Guarda que não comprem o seu novo CD, pois não irão gostar. O estilo é rock underground.

O Kynna tem ainda Cadu Nolla, marido de Lílian (perdão: Lil), na bateria e o lendário Luiz Sérgio Carlini, do Tutti Frutti, na guitarra. O repertório se concentra em autores da nova geração, como Júpiter Maçã, Graforréia Xilarmônica, Bidê ou Balde e composições próprias. Lil concedeu esta entrevista por e-mail. A edição preserva a forma enfática com que ela escreveu certas palavras, demonstrando seu entusiasmo pelo projeto.


Como surgiu a banda Kynna?
Surgiu no ano passado, quando começamos a gravar um CD de rock, com músicas underground.

O nome tem algum significado especial?
É um nome que inventamos, derivado de meu sobrenome Knapp, que é de origem inglesa.

Como foi a escolha do repertório? Por que tantos autores gaúchos, por exemplo?
Escolhi músicas que têm a ver comigo ou com algum momento da minha vida. Queria músicas de bandas do underground e o número de gaúchos é coincidência.

Outros artistas surgidos na Jovem Guarda já tentaram mudar de estilo e de público. O próprio Leno, seu ex-parceiro de dupla, foi um deles quando lançou o álbum "Meu Nome É Gileno" em 1976. Na maioria dos casos, os antigos fãs se afastaram e o público pretendido não foi conquistado. Acha que com vocês pode ser diferente? Por quê?
Quando me separei do Leno em 75, meu primeiro disco "Como Se Fosse Meu Irmão", vendeu mais de 100 mil cópias. Nos anos 80, ganhei dois discos de ouro, com as músicas "Sou Rebelde" e "Uma Música Lenta". A primeira vendeu três milhões de cópias e a segunda, mais de um milhão de cópias. Cheguei ao primeiro lugar nas paradas de todo o Brasil. Então acho que passei dessa fase. E, na verdade, já estamos fazendo shows pra outro público.

Pelo menos um jornal já divulgou o trabalho como "o novo álbum de Lílian Knapp". Você acha que o público vai conseguir separar a banda Kynna da Lílian da Jovem Guarda?
A Lílian da Jovem Guarda ficou lá na Jovem Guarda. Depois veio a Lílian do "Sou Rebelde" que ficou lá nos anos 80. Agora quem está vindo aí é a banda Kynna!!!! Roooocckkkkkkkkk!!!!!!

Não tem receio de atrair o público errado para os shows? Como acha que seus antigos fãs vão reagir ouvindo você cantar, por exemplo, "Um Lugar do Caralho"?
Já falei em outras reportagens e vou repetir aqui pra você: eu aconselho aos fãs de Jovem Guarda não comprarem esse CD! Eles não vão gostar. A menos que gostem de rock e/ou de mim, incondicionalmente!



Existe talvez uma intenção de desfazer a imagem de menina bem comportada?
Eu não sou mais bem comportada!

Você não se sente meio Rita Lee cantando ao lado do Carlini? Como uma nova versão do Tutti Frutti?
A banda Kynna não tem nada a ver com o Tutti-Frutti! Nem com nada que já fizemos! Por isso, nem Carlini está se achando meio Leno! Ha! Ha!

O repertório dos shows vai ser exclusivo do novo trabalho? Nada dos velhos tempos do seu trabalho ou do Carlini?
Sim. Vai ser exclusivo do novo trabalho, a banda Kynna.

Por que essa vontade de fazer rock? Você sempre gostou desse tipo de música?
Sim. Sempre gostei, sempre gravei, mas sempre divulgaram as músicas mais românticas do meu repertório.

O que os seus colegas de música, em especial os da Jovem Guarda, estão achando do Kynna?
Quem gosta de mim está dando força ou vai dar!

Quais seus artistas preferidos?
Nooossa! Tenho muitos! Muitas bandas antigas e atuais: Aerosmith, Black Sabbath, Whitesnake, Beatles, Rolling Stones, Júpiter Maçã, Rádio de Outono, Wander Wildner, Bidê ou Balde, Astronauta Pingüim, Autoramas, Tetine, Graforréia Xilarmônica, CSS, Charlie Brown Jr. entre muuuuuuiiiiitos outros!!!

Quais seus outros projetos no momento?
Nos atuais, estão o CD da Kynna em junho e a gravação de um DVD da banda, além de shows pelo Brasil, divulgando nossa nova banda!

Que recado você daria aos fãs da Jovem Guarda que não ouvem outros estilos e só gostam de música dos anos 60?
Olha, eu acho que cada um deve ficar na sua, curtir o que gosta do jeito que gosta. Respeito muito o gosto de cada um, como gosto que respeitem o meu gosto e minhas atitudes e decisões. Acho que temos que ter liberdade pra fazer o que gostamos desde que não ultrapassemos o limite do outro. Ou seja, tudo é tudo e nada é nada! Ha! Ha! Ha! Não fumo nem bebo! Ha! Ha! Beijos e brigada pelo tempo perdido comigo!