O Diamante Cor de Rosa
A trilha sonora que nunca saiu



Marcelo Fróes

Momento que para muitos simboliza o canto do cisne da Jovem Guarda, a cena final de " O Diamante Cor de Rosa" - filme estrelado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa em 1969 - só não ficou mais eternizada na história de nossa música porque a gravação dos três cantando É Preciso Saber Viver não pode sair em disco.

Nos últimos 20 anos, a indústria - cada vez mais competitiva - entendeu que a troca de liberação de artistas exclusivos pode permitir bons projetos para todos e, principalmente, maior flexibilidade de exploração de catálogo. Mas em 1969, quando Erasmo Carlos cumpria o final de seu contrato com a RGE, antes de migrar pra a Philips em 1970, a coisa era muito diferente e o LP com a trilha sonora não saiu como deveria.

Como a trilha envolvia fonogramas de Erasmo Carlos e Wanderléa, dentre outros, além de Roberto Carlos, o LP naturalmente não seria um disco de carreira do "Rei" - como havia sido "Ritmo de Aventura", álbum de 1967 que trazia a trilha do filme homônimo, estrelado somente por Roberto. "O Diamante Cor de Rosa" acabou saindo em 1970 pela Polydor, enquanto as faixas de Roberto - Custe O Que Custar, Não Vou Ficar, O Diamante Cor de Rosa e As Curvas da Estrada de Santos - ficaram em compactos e no álbum natalino de 1969. Wanderléa, que havia cantado Você Vai Ser O Meu Escândalo num belo clip, ficou com sua faixa enterrada num compacto - enquanto Erasmo, que cantara Vou Ficar Nu Pra Chamar Sua Atenção, também acabou soltando sua faixa no LP derradeiro da RGE, "Erasmo Carlos e Os Tremendões" (1970).

O álbum da Polydor, subsidiária popular da Philips, foi negociado pelo cineasta Roberto Farias e acabou sendo um fiasco. É apenas uma grande raridade discográfica, mas nada além disso. Afinal, além de não trazer nenhuma faixa cantada pelos protagonistas, também deixou de incluir até Tuareg, canção de Jorge Ben cantada na trilha por Gal Costa e pertencente ao catálogo da Philips. Mas o álbum "Músicas da Trilha Sonora de 'Roberto Carlos e O Diamante Cor de Rosa'" saiu com faixas gravadas especialmente no estúdio de 4 canais da gravadora, no centro do Rio.

Luiz Carlos Sá, do trio Sá, Rodrix & Guarabyra, assina alguns dos temas incidentais ouvidos no filme - e é neste disco que você pode ouví-los, em gravações da Orquestra Polydor intituladas O Gênio, Karatê, Ilha Rasa e Enganando Pierre. Joyce comparece cantando sua Please Garçon, enquanto canções de as canções de Roberto & Erasmo são interpretadas por José Roberto (futuramente do Azymuth) e por um certo Gustavo, sem contar o mestre Wilson das Neves - com um Sarro assinado pelo não menos importante maestro Erlon Chaves.

É difícil imaginar que um dia este LP venha a ser reeditado em CD, por todas as questões possíveis e imagináveis. Enquanto isso, a raridade aumenta com o passar dos anos e com isso sobe no mercado internacional (leia-se, japonês) a cotação dos exemplares da única prensagem realizada, há exatos 35 anos.